29/02/2012
Quando as águas do rio Madeira recuam, no período de seca, é possível
ver desenhos gravados na pedra, em formas geométricas ou de animais.
Essas gravuras podem ter sido feitas há milhares de anos, por povos que
viveram na Amazônia e dos quais ainda pouco se sabe sobre seus hábitos e
estilo de vida.
São cinco áreas com extensos pedrais contendo gravuras rupestres, que
ficam encobertas no período das chuvas pelo rio, nas proximidades de
Porto Velho (RO). Só tem um problema: com a construção de uma barragem
no rio, a Usina Hidrelétrica de Santo Antonio, esse importante vestígio da presença humana vai ficar definitivamente submerso.
A Santo Antonio Energia, concessionária responsável pela usina,
contratou duas empresas especializadas em arqueologia para resgatar
esses desenhos, a brasileria Scientia e a portuguesa Dryas. Essas
empresas estão usando tecnologia 3D para escanear as gravuras, com
equipamentos que conseguem registrar os desenhos com alta precisão e
qualidade. No total, mais de 2 mil imagens foram coletadas.
Depois do registro digital, os pesquisadores vão reconstituir os
pedrais em modelos virtuais, para que as pedras sejam estudadas em
laboratório e associadas às ocupações dos sítios arqueológicos
localizados às margens do rio. Com o trabalho, será possível saber como
viveram esses habitantes, e determinar a idade dos desenhos – em sítios
arqueológicos próximos da região, arqueólogos já encontraram vestígios
que datam de mais de 7 mil anos.
O resgate arqueológico, uma das condicionantes impostas pelo Ibama
para que a usina pudesse entrar em operação, é um dos projetos que está
dando certo, mas a usina não é isenta de críticas. Santo Antonio, assim
como a usina de Jirau, também no rio Madeira, enfrenta a acusação de que
estimula o desmatamento da floresta amazônica.
O governo também é criticado, pois a falta de políticas para atender ao
aumento de população que chega com a usina está gerando graves problemas sociais em Porto Velho.
Fotos: Michelle M. Tizuka/Santo Antonio Energia
Fonte: Revisa Época
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