Ötzi, homem de 5,3 mil anos encontrado congelado nos Alpes, tinha problemas cardiovasculares e infecção bacteriana
01 de março de 2012 | 8h 06
Uma equipe de cientistas acaba de publicar a sequência
de DNA quase completa de Ötzi, o 'Homem de Gelo', que viveu há 5,3 mil
anos. Ele foi encontrado em 1991 nos Alpes italianos por caminhantes, na
fronteira entre a Itália e a Áustria. Bem preservado, tornou-se um dos
cadáveres mais estudados pela ciência.
Bem preservado, Ötzi tornou-se um dos cadáveres mais estudados pela ciência. |
Os pesquisadores já descobriram que Ötzi sofria de endurecimento
nas artérias e tinha cáries, antes de morrer com uma flechada nas
costas. "Gostaríamos de saber tanto quanto possível sobre as condições
de vida, sobre ele mesmo e sobre as causas da morte. Tentamos
reconstruir a cena do crime tanto quanto possível", diz Albert Zink,
chefe do Instituto para Múmias e o Homem de Gelo em Bolzano, Itália,
líder do estudo.
Em 2008, cientistas fizeram o sequenciamento completo do DNA de
mitocôndrias de Ötzi. Havia mutações não encontradas em populações
atuais, o que levou a especulações que ele teria pertencido a populações
que desapareceram da Europa. Para ter um retrato mais completo dos
ancestrais de Ötzi e seus traços genéticos, a equipe sequenciou o DNA do
núcleo de células dos ossos pélvicos.
Os dados sugerem que Ötzi tinha olhos castanhos e sangue tipo O,
e era intolerante à lactose. A equipe também descobriu variações
genéticas relacionadas ao endurecimento das artérias, que poderiam
facilitar os depósitos de cálcio encontrados em exames. "Ele não era
obeso, era muito ativo e não tinha fortes fatores de risco para
desenvolver calcificações no coração", diz Zink. "Talvez ele desenvolveu
isso devido à predisposição genética".
O genoma de Ötzi também dá dicas sobre outros problemas de
saúde: a equipe descobriu quase dois terços do genoma da Borrelia
borgdorferi, uma bactéria que causa a doença de Lyme. Embora não haja
outros sinais que denunciem a doença, os autores especulam que as
tatuagens encontradas na coluna, nos tornozelos e atrás do joelho
direito poderiam ser uma tentativa de combater dores articulares que
ocorrem quando a doença não é tratada.
Fonte: Estadão
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