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sexta-feira, 23 de março de 2012

Análise de DNA mostra migração de homínideo desconhecido


Fragmento encontrado em caverna siberiana tem DNA diferente dos humanos, e contribuiu com o material genético dos melanésios

Partindo do DNA extraído do osso de um dedo encontrado na caverna de Denisova, no sul da Sibéria, e seu código genético, cientistas descobriram um novo grupo de homínideos que tanto vagou pelo mundo que deixou partes de seu DNA em populações da Oceania. 

Os resultados das análises genéticas e morfológicas do estudo que envolveu 28 cientistas trabalhando em 14 instituições de pesquisa espalhadas pelo mundo foram publicados hoje na revista especializada Nature e mostram que o hominídeo de Denisova tem um genoma diferente do humano moderno e do neandertal, e contribuiu com 4 a 6% do material genético dos genomas dos melanésios, população que vive atualmente na Oceania. Mais uma peça importante no complexo quebra-cabeça de reconstrução da história evolutiva da espécie humana.
Bence Viola, que trabalhou no estudo assinado pelos medalhões da arqueologia genômica Svante Paabo e David Reich, coordenou as interpretações arqueológicas e de datação e foi responsável pelo estudo morfológico. Ele disse ao iG que o resultado que mais o impressionou foi a conexão do hominídeo arcaico com os melanésios. “Eu teria ficado menos surpreso se tivéssemos encontrado traços genéticos dos hominídeos de Denisova em populações chinesas ou da Ásia Central, mas tendo miscigenado apenas com pessoas que hoje vivem na outra ponta do mundo, a dez mil quilômetros de distância foi uma enorme surpresa”, diz Viola.

O dente que também foi encontrado na caverna tem um genoma mitocondrial semelhante ao do osso do dedo e uma morfologia muito diferente dos dentes de neandertais e homens modernos. “O dente tem uma morfologia muito interessante, arcaica”, destaca Viola.
Agora com o hominídeo de Denisova, há evidências da presença simultânea de cinco diferentes grupos de hominídeos no mundo: humanos modernos (ancestrais diretos do Homo sapiens) na África; neandertais na Europa e parte do Oriente Médio; hominídeos de Denisova na Sibéria; o Homo eretus na ilha de Java e a forma anã do Homo floresiensis em Flores, na Indonésia.
Como a extração de DNA destrói parte das amostras ósseas, é necessário cuidado extra para garantir que seus resultados não são mascarados por contaminações ou outros artefatos da metodologia usada. “Olhe o material suplementar do nosso artigo e você verá que quase metade dele descreve os cuidados que tomamos para evitar tais problemas”, diz Viola.
Os pesquisadores pretendem agora descobrir mais sobre os hominídeos de Denisova. “Estamos trabalhando também em comparações genéticas mais detalhadas, aumentando o tamanho da amostra dos humanos modernos”, completa Viola.
Fonte: IG

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